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6 de jun. de 2023

The Works: grandes sucessos, numa difícil produção.


Em 1982, a banda teve a difícil realidade de encarar o fracasso de seu álbum, Hot Space, um álbum com uma sonoridade bem diferente das apresentadas nos trabalhos anteriores e que na época não foi bem aceita pelo público.

Assim, em 1983 John, Roger, Brian e Freddie queriam dar uma pausa nos trabalhos em grupo para que cada um pudesse focar em seus projetos pessoais . Mas isso serviu como gás para o grupo se reunir novamente e trabalhar no 11º álbum de estúdio.

A capacidade do quarteto em se reinventar musicalmente é sempre o destaque da banda, que pessoalmente falando, fica além do simples rótulo de banda de rock. E The Works é mais uma obra de um novo território explorado pelo Queen.

Contudo, o caminho nem foi só de flores. Inúmeros problemas entre eles, desde o The Game de 1980, ainda eram sentidos, apesar de já apresentarem momentos de paz, mas ainda dando lugar ao tédio natural do convívio durante tantos anos e problemas nas decisões criativas. Prova é que  Brian afirmou que a tensão gerada pela guerra de egos foi tanta que ele pediu pra sair e voltou para a banda, diversas vezes.

Os projetos  solos  em paralelo...

Brian, Roger e Freddie trabalhavam em projetos solo: May com o EP Star Fleet Project (1983); Taylor com o disco Strange Frontier (1984); e Freddie preparando Mr. Bad Guy (1985) ao mesmo tempo que mantinha uma parceria com Michael Jackson, com quem compôs três canções: There Must Be More To Life Than This, State of Shock e Victory. 

Álbum bem acolhido

O The Works foi gravado nos Estados Unidos, Los Angeles. E foi bem acolhido pelos fans mais acérrimos do Queen. Fez bastante sucesso não só entre os fãs mas também entre os admiradores, isto é, aqueles que mesmo não sendo tão fãs acabaram comprando o álbum.

Depois do The game e do Live Killer, foi o disco que vendeu muito.Por outro lado, este disco também apresentou uma quebra de popularidade da banda nos Estados Unidos. The Works também foi muito importante para os brasileiros. O sucesso do álbum moldou as apresentações do Queen no primeiro Rock In Rio no Brasil, em janeiro 1985.

Mas o álbum é composto por várias canções que se tornaram hits na carreira do grupo, como “I Want to Break Free“, “Radio Ga Ga” e “Hammer to Fall“, canções tocadas em todos os shows da banda, sendo muito pedidas pelo público.

Estilo do álbum

Retomada do Hard Rock, com bastante elementos dos anos 80 com outros ritmos, como o pop, o funk e o eletrônico. Lançado em fevereiro de 84, The Works pode ser considerado um disco de transição pelo fato de resgatar elementos mais característicos da banda.
 


Combinaram a perfeição os habituais sintetizadores com um estilo que recordava perfeitamente sua primeira época, uma continuação do estilo e som do álbum The Game, com pitadas ao estilo Queen anos 70 ! Desde que começaram a usar sintetizadores com The Game, este disco foi um dos que melhor aplicou os sintetizadores a seu estilo original, explorando-os melhor, sem esquecer suas origens roqueiras.

CAPA: idéia do Queen, e a sessão de fotos ficou a cargo do legendário fotógrafo de Hollywood, George Hurrell, que no passado havia fotografado Marilyn Monro e outros grandes de Hollywood.

A idéia inicial do álbum: Na época eles tinham 2 novos projetos: A gravação do álbum The Works e em paralelo a trilha sonora do Hotel New Hampshire em que foram convidados. Estavam carregados de novas ideias e músicas. No entanto, não gostavam muito como se desenvolvia a trilha sonora que faziam em paralelo e que tomava muito tempo. O projeto do filme não foi pra frente. Os produtores decidiram dispensar a banda da trilha sonora. Ai se concentraram exclusivamente no The Works.

Uma das músicas que eles haviam gravado para o filme e que gostaram foi Keep passing the open Windows, composta por Freddie. Ela deu um certo impulso ao álbum.

O álbum tem 9 canções (bem menos do normal nos LP’s do Queen). Várias musicas e ideias por uma razão ou outra, não foram incluídas no álbum. Algumas dessas eram apenas esboços que nunca se desenvolvem, mas outras acabaram se tornando canções para discos posteriores ( como no álbum Made in Heaven que aproveitou algumas dessas composições).

Resolvidas as diferenças, o Queen entrou nos estúdios para gravar e como resultado do sucesso, foi convidado para participar da primeira edição do Rock In Rio. A banda roubou a cena, tanto pelas excentricidades de seus integrantes, especialmente Freddie, quanto pelo talento de todos eles. 

A performance do Queen foi tão primorosa na Cidade do Rock que eles encararam o concerto diante de 250 mil pessoas como se fosse um show caseiro. É claro que isso chamou a atenção do mundo inteiro e, consequentemente, contribuiu para a divulgação de “The Works”. 

 WORKS TOUR - Uma das maiores do grupo 

I Want To Break Free que deu origem ao famoso vídeo com eles vestidos de mulher não pegou bem com o público americano e juntando com a polemica do video Body Linguage do Hot Space, e outras razões mais, o Queen foi banido do EUA ! Cientes de que a América não estava mais de braços abertos, então voltam a atenção para o resto do mundo.

A turnê passa pela Europa, Oceania e Japão. Lançaram um vídeo de show em Tóquio intitulado de We Are the Champions: Final Live in Japan,

Visitaram a Austrália e o Brasil, com dois shows antológicos dentro do primeiro Rock in Rio em janeiro de 1985. O concerto foi lançado em VHS, mas não foi lançado em DVD até 2012.

A nota triste fica por conta das apresentações feitas no Hotel Sun City em uma África do Sul que ainda sofria com o regime segregacionista do Apartheid. Ao se apresentar por lá, a banda atraiu a ira entre músicos e veículos de imprensa e ainda quebrou o boicote cultural que a ONU havia imposto ao país.

O grupo remediaria um pouco a situação ao participarem em 13 de julho de 1985 do "Live Aid", o festival feito para arrecadar dinheiro para as vítimas da fome na Etiópia. 

Acostumados a tocar para grandes multidões, o grupo tomou conta do estádio de Wembley e entregou os 15 minutos mais marcantes de toda a maratona de shows que rolaram naquele dia. A apresentação já figurou várias vezes no topo das listas de melhores shows já feitos na Inglaterra.

5 de jun. de 2023

Queen II faixas parte 3

parte1 faixas
parte 2 faixas

PARTE 3 
THE FAIRY FELLER'S MASTER-STROKE 
NEVERMORE 
MARCH OF THE BLACK QUEEN

7- THE FAIRY FELLER'S MASTER-STROKE 
(o golpe de mestre do feiticeiro) Uma composição imprevisível e louca de Freddie inspirada numa pintura de mesmo nome de Richard Dedd. Pintura pela qual Freddie estava loucamente apaixonado na época, o suficiente para visitar a Galeria Tate quase todos os dias.  
 
Para a gravação em estúdio, Freddie tocou piano e cravo e Roy Thomas Baker tocou castanholas. Roger chamou essa música de 'maior experimento de áudio', referindo-se a complexidade no uso do “plan” recurso que dá melhor uso de mixagem no som estéreo.

Podemos apreciar muitas trocas de notas e harmonías de vozes disonantes e extranhas, quase surrealistas e se escutamos mais de perto podemos apreciar como John Deacon rompe com uma linea de baixo bastante complexa e inusual que na verdade seguram as rédeas de todo o ritmo alegre em suas mãos.

Uma canção que apresenta um ar barroco, teatral e festivo, e mais, encontramos melodías pegajosas e um sem número de camadas sobrepostas. É um ritmo rápido e que encontra Freddie Mercury muiito participativo. Os arranjos complexos são baseados em torno de uma faixa de apoio de piano, guitarra e bateria, mas também incluí cravo, vários overdubs nos vocais e em partes de guitarra. 

A música, como a maioria das composições do álbum, tem a letra medieval baseada na fantasia, e faz referência direta a personagens da pintura do quadro famoso, de Dadd. Aparentemente, sempre que os mebros tinham tempo, eram arrastados por Mercury para o "London's Tate Gallery", onde a pintura estava e continua até hoje.
 
LETRA -  segue a atmosfera claustrofóbica da pintura que cada uma das cenas são descritas. O uso da palavra "quaere" na música (na linha repetida "what a quaere fellow") não faz referência à sexualidade de Mercury, de acordo com Roger. Se pode encontrar palavras do ingles antiguo como Tatterdemalion, quaere; además palavras que são difíceis de encontrar em uma musica Também faz referencia a Oberon y Titania, que são personagens da comedia "Sonho de uma noite de verão" de Shekespeare.  Esta musica forma una especie de conexão com com Ogre Battle, ao perpetuar o som de um gongo no final e emendar-se com Nevermore que continua o solo de piano no final de "The Fairy Feller's Master-Stroke".
 
O QUADRO QUE INSPIROU A MUSICA -  Uma das pinturas mais representativas do trabalho de Richard Dadd que levou 10 anos para fazer. A pintura mostra em detalhe a conexão entre os elementos oníricos como gnomos, fadas, personagens relacionados com o inferno que  se converteram em uma representacão gráfica do transtorno que Richard sofría, diagnosticado depois como trastorno bipolar.
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8- NEVERMORE -
Uma bela composição inspiradíssima de Freddie, aonde a voz dele está sublime, magica. A melodia suave da composição nos transporta e nos eleva, pena seja tão curta, mas é adorável ! 1a balada de Freddie no Queen que canta e toca o piano com a técnica “ringing” ou piano contemporâneo. O coro de vozes que acompanha a musica tem um destaque para os falsetes de Roger.
 
Pode ser considerada como um interlúdio doce e gracioso cantado apenas por Freddie (mais alguns coros) que conduz placidamente à caverna mítica da Rainha Negra má , o alter-ego da bruxa descrito por Brian May no começo do álbum
 
É uma balada bem curta sobre sentimentos depois de um desgosto, uma lamentação de um dos personagens representados no quadro de Richard Dadd em que a composição anterior é totalmente inspirada!  O tema é um modo de transição entre The Fairy Feller’s Master-Stroke e The March Of The Black Queen. E tem um grandioso desempenho vocal de Freddie e um toque mas heavy no final. Não foi tocada ao vivo em shows da banda, mas somente na sessão da BBC.
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9 - MARCH OF THE BLACK QUEEN:
O que dizer sobre essa estranha composição mercuriana que apenas a mente brilhante e inquieta de Freddie poderia ter produzido num caleidoscópio de sensações. Essa marcha é um carrossel, uma montanha-russa e um trem fantasma, todos combinados em uma demonstração de talento de mais de seis minutos, que parece viajar e se perder na sensação de tempo e espaço.
 
É uma música muito difícil de classificar, geralmente não é digerível em uma única bebida, é extremamente complexa e heterogênea porque, entre outras coisas, possui uma métrica rítmica, harmonias e arranjos que fluem em velocidades diferentes. É difícil ou impossível encontrar a base do som, porque o ritmo varia constantemente, é inquieto e fugaz. Se move como uma mosca, não é linear, tem um coro, não respira, mas não cansa. Não é  previsível: a cada passo, gera intrigas com novas e diferentes sensações.

Toda vez que você o ouve, encontra algo novo, por isso é caleidoscópico, nunca soa o mesmo. Arranjos barrocos requintados organizam Beatles com o Black Sabbath e os clássicos alemães do século XVI em um liquidificador colorido para pintar um mural de arte às vezes abstrato, às vezes impressionista e às vezes romântico. Rock progressivo? Pode ser, mas é apenas uma das milhares de facetas.
 
LETRA 1: cheia de fantasias escuras e frias, às vezes brilha e ilumina calorosamente por momentos e depois parece severa até parecer confusa, burlesca e sem sentido, mas aqui está a projeção da personalidade complexa de Freddie, ambígua, fantástica, introvertida, brilhante e muitas facetas mais, típico de um gênio único.

Tem suas partes extremamente complexas de guitarra e harmonias vocais e com mais de 6 minutos de duração. É talvez a canção mais memorável no álbum, e certamente a mais dramática, Dispõe de praticamente todos os truques Queen e a marca registrada do Tempo. TUDO o que o Queen tinha a oferecer em 1973/1974  está nessa faixa, por isso é que ela continua a ser um muito amada e favorita entre os fãs de mais de três décadas ....

Uma peça chave do álbum. Obra de Mercury que se encontra no catálogo dos temas mais complexos musicalmente da banda, juntos com Boh Raph, Prophetic Song e Innuendo. Como bem contan no Making Of A Night At The Opera, The March Of The Black Queen é um antecedente direto de Bohemian Rhapsody e Brian relata o paralelismo que tem ambas obras. No LP vinil ela foi colocada entrelaçada com Nevermore e Funny How Love Is.

Sua duração no álbum é de 6:33, A peça completa era complicada demais pra ser tocada completa ao vivo pela banda; porém, a seção de uptempo que contêm as linhas "My life is in your hands, I'll foe and I'll fie..." às vezes era tocada pela banda em um medley ao vivo, com vocais de Taylor e Freddie, durante os anos 1970.
 
Mercury compôs essa música no piano em 1973, e é uma das duas músicas da banda (a outra é Bohemian Rhapsody) contendo polirritmia/polimetria (duas diferentes assinaturas de tempo simultaneamente 8/8 e 12/8) e uma mais simples polirritmia ao redor do fim da seção uptempo, o que é raro para música popular. A música continua na faixa seguinte, "Funny How Love Is", terminando numa nota progressiva ascendente, que culmina no primeiro segundo da faixa seguinte.
 
LETRA 2: tem um certo misticismo, claramente falando de uma rainha má que sodomiza seus súditos, forçando-os a fazer coisas abomináveis. Eles vêm para nomear certos seres do submundo. Dessas cartas e daquelas que chegariam mais tarde à Bohemian Rhapsody, foi lançada uma farsa, na qual ele dizia que Mercury havia feito um pacto com o diabo.
 
== Sem duvida uma das mais imponentes criações esquizofrénicas clássicas de Freddie  durante os 70s. Da luz a sombra, do hard rock a balada de piano, todo em uma mesma cancão ! É maravilha sombria e brilhante. Voz, coros, instrumentação, música, letra, composição, arranjos, produção, harmonias, tudo isso e muito mais é essa composição superlativa, se a licença expressiva "neoclássico-desconstrutivista" for permitida. E sem sintetizadores!